A inflação na Argentina atingiu os 108,8% em 12 meses em abril, a mais alta em três décadas, informou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatísticas Indec.
Na comparação mensal, a inflação em abril foi de 8,4% naquela que é a terceira maior economia da América Latina.
A Argentina tem uma das maiores taxas de inflação do mundo. Em 2022, atingiu 94,8%, a maior cifra anual do país desde 1991, quando ultrapassou os 171%, lembra a agência Reuters.
O governo estabeleceu uma meta de inflação de 60% para 2023, mas um relatório recente do Banco Central sobre as expectativas do mercado projetou um valor de 126,4% para este ano.
Além da sua batalha contra a inflação, a Argentina também está a lidar com uma forte desvalorização da sua moeda, a poucos meses das eleições gerais. O peso ficou em 238,5 face ao dólar na taxa oficial de sexta-feira, mas a 474 no mercado negro paralelo.
Os problemas económicos do país foram também agravados pelo impacto de uma forte seca nos seus setores agropecuários, a maior fonte de exportações.
O Fundo Monetário Internacional prevê um crescimento de 0,2% para o país sul-americano em 2023.
“Eles transformaram-nos num país de mendigos. Nós desesperamos porque depois de trabalhar a vida toda, temos que lutar só para conseguir um tomate ou um pimento”, disse Carlos Andrada, um trabalhador independente de 60 anos, à Reuters, enquanto procurava descontos num mercado nos subúrbios da capital da Argentina, Buenos Aires.
Outro testemunho emocionante é o do gráfico Salvador Paterno, de 64 anos. “Deixei de sair para comer fora uma vez por mês, não saímos de férias para nenhum lado há quatro anos, tivemos de vender o carro porque não podíamos pagar seguro, licenças e custos de garagem. Usamos pouco ar condicionado e aquecimento. Toda a gente reduz esses hábitos para sobreviver, se é que se consegue”, lamentou.
Fonte: dn.pt