Existe diferença entre terapeuta sexual e sexólogo. O terapeuta sexual dedica-se à prática clínica, ao atendimento de pacientes com queixas diversas no campo afetivo-sexual. O sexólogo é um estudioso ou pesquisador da sexualidade humana, podendo também dedicar-se à prática clínica. Sex Coach ou Coach em Sexualidade é o profissional especializado em atendimento às pessoas que percebem que precisam quebrar algum tabu, superar a timidez ou outras dificuldades que impeçam a pessoa de se soltar em seus relacionamentos íntimos. Personal Sex Trainer – ou Sex Trainer – é o profissional que trabalha como professor, apto a ensinar como ter uma vida sexual melhor.
Glícia Neves, empresária e sexóloga, é uma das mais atuantes e conceituadas em Palmas e no Tocantins. Há 17 anos, trabalha na área de atendimento às pessoas, casadas e solteiras, que têm algum problema ou alguma dificuldade em relação à sexualidade e a relacionamentos íntimos. Ao longo desse tempo, ela tem ajudado milhares de pessoas – homens, mulheres e casais – a melhorarem seu desempenho sexual e a alcançarem seus objetivos nessa área tão importante para o ser humano. Glícia concedeu entrevista ao portal Rede Jovem News, na qual descortinou muitos “segredinhos”, mitos, verdades e inverdades sobre sexualidade e relacionamento íntimo. Leia a entrevista.
Rede Jovem News – Você hoje é uma das profissionais da área da sexologia mais atuante e conceituada em Palmas e no Tocantins. Por que você resolveu estudar, pesquisar e trabalhar nessa área tão ampla e complexa. Quando e onde você começou a sua carreira de sexóloga e por que?
Glícia Neves – Eu não escolhi ser sexóloga, eu fui empurrada pela vida. Eu já tinha uma carreira consolidada em outra área, estava muito bem, financeiramente falando, e eu decidi empreender; aí, nesse meu empreendimento, a vida falou assim para mim: “olhe, você está no lugar errado; vamos para outro caminho”. Quando eu empreendi, eu tive uma loja que era uma boutique sensual; ela (já) tinha um conceito na área de comercialização de produtos, e as pessoas iam lá para conversar comigo. Elas não iam comprar, elas iam para desabafar, para falar dos seus problemas e das suas dificuldades. E, sexualmente falando, eu não vivenciei aqueles problemas, aqueles dilemas e aquelas dificuldades. Apesar de vir de uma criação bastante conservadora, em que minha mãe era realmente muito rígida e criou a gente para casar virgem, aquela coisa toda realmente bem conservadora, a sexualidade pra mim se desenrolou de uma outra forma. Então, aquilo que as pessoas falavam estarem experimentando me levavam a pensar “Gente, como é que pode? Um negócio bom, prazeroso! Por que elas estão tendo essa dificuldade?” E aí, nessa tentativa de ajudar as pessoas que vinham desabafar comigo, foi que eu cheguei à conclusão de que precisaria ter uma formação profissional para poder ajudar as pessoas de verdade; porque eu as ajudava de maneira empírica; eu dava um conselho aqui, outro ali, mas a demanda começou a crescer, nesse sentido, de as pessoas virem desabafar comigo, porque eu sempre fui muito boa ouvinte, principalmente nas questões íntimas. Como eu não tinha vergonha de ouvir nem de falar, as pessoas se sentiam à vontade para falar sobre esses assuntos comigo; foi assim que eu iniciei na área. Aí fui buscar especialização e, depois que me senti um pouco mais preparada, iniciei meus atendimentos.
Rede Jovem News – A sexualidade constitui uma base em que se fundamentam áreas importantes da vida, como amor, perpetuação, saúde física, mental e até mesmo espiritual, autoafirmação das pessoas como indivíduos, independente de gênero ou de opção sexual. A maioria das pessoas não entende sequer o necessário sobre essa área tão importante da vida. Como você inicia o trabalho com as pessoas que têm dificuldade para entender o que o sexo e a sexualidade representam, de fato, em suas vidas?
Glícia Neves – Olhe, sexualidade pra mim significa vida. Ela é formada desde que você está no ventre da mãe; ela é mutável. O tempo todo você tem como modificar; o tempo todo você recebe influência do ambiente, da mídia, das crenças, da região, dos pais; então, a sexualidade não é uma coisa fechada ali e pronto, acabou. Não! Ela é constante, ela é um movimento da vida. Então, quando a pessoa não entende que este movimento é a sexualidade, ela vai ter dificuldades em relação a isto. Terá dificuldade em relação a expressar essa sexualidade através de um ato sexual. Então, é basicamente isso. Se você encontra uma pessoa com muitas resistências nessa área, ela não vai nem procurar um profissional. Ela vai procurar um pastor, um padre, um benzedor (de acordo com a sua crença). Ela vai procurar alguém para aliviar uma área que ela negligencia, porque para boa parte das pessoas, principalmente mulheres (os homens são um pouco mais livres nesse sentido), a sexualidade ainda é muito opressora, o prazer ainda é muito tolhido, ela tem dificuldade de falar sobre isso, ela tem dificuldade de admitir isso… E aí, como você vai ajudar uma pessoa, no sentido sexual, no sentido íntimo, quando ela não reconhece que tem um problema e não quer ajuda? Então, esse é um grande desafio. Eu trabalho muito com conscientização, inclusive através das minhas redes sociais; lá, a gente faz um trabalho de ensinar e educar essa mulher, para que ela pense um pouquinho “fora da caixa”, entenda que, se a vida sexual dela tiver sucesso, tiver prazer, a vida pessoal também vai acompanhar.
Rede Jovem News – Preconceitos, mitos, tabus e discriminação parecem ter sofrido queda significativa na educação e nos relacionamentos das pessoas e das famílias nos últimos anos. O terapeuta sexual, ou seja, o sexólogo ou mesmo o sex coach, tem hoje mais ou menos trabalho com as pessoas que enfrentam problemas nesta área, em especial os casais em seus relacionamentos íntimos?
Glícia Neves – Olhe, eu acho que, na prática, não houve queda, nem nos tabus, nem na violência e nem nas dificuldades sexuais. O que há é uma camuflagem, porque hoje se fala mais sobre isso, as pessoas postam como tendo uma liberdade maior, tem a fotozinha do perfil do casal sorrindo, aparentemente feliz, mas quem trabalha com a intimidade dos casais, assim como eu, profissional da área, vê, de fato, o retrato fiel e real de como a intimidade é cheia de tabus, de preconceitos… Muitas mulheres ainda fazem sexo por obrigação; ainda há um número elevado de homens que acham que a mulher tem obrigação de fazer sexo com eles porque estão casados, porque têm uma vida a dois, debaixo do mesmo teto.
Então, essas questões que a gente acha que acabaram, elas continuam dentro dos relacionamentos, e aí é onde a gente observa as mesmas dificuldades. Hoje, as pessoas falam sobre o assunto, mas as dificuldades são culturais, são herdadas, e isso não muda do dia para a noite, só porque hoje a pessoa dança com mais sensualidade, mostra o corpo com mais facilidade. Eu acho até que isso é um outro tipo de fuga, porque você sai do que você deveria resolver e passa a ser mais um objeto, para chamar atenção; então, você vê que as pessoas usam muito o sexo como válvula de escape. O sexo em si vende muito, ele é muito marketing, e os problemas sexuais permanecem; por exemplo, em casais em que o homem tem ejaculação precoce, os parceiros não estão felizes e realizados na cama; mulher que não sente desejo (libido) e aí faz sexo porque ela se sente obrigada, não chega ao orgasmo e vai ter dificuldade em se sentir bem com a relação sexual. Normalmente, essa mulher também tem dificuldade de falar com o seu parceiro. Na realidade, a gente vivencia os mesmos dilemas, só que hoje eles são camuflados; é como se existisse uma liberdade, mas essa liberdade, na verdade, não existe, até porque a liberdade precisa vir da mente; ela não vem do corpo ou da atitude e, mentalmente, as pessoas não são livres nesse sentido.
Rede Jovem News – Mas em se tratando da obrigatoriedade de o homem achar que a mulher tem que ter relação com ele pelo fato de serem casados; em alguns casos, não pode ser o contrário, de a mulher achar que o homem também seria obrigado a ter relação com ela quando ela assim o desejasse?
Glícia Neves – Tem sim. Hoje a gente tem uma grande quantidade de homens que tem a disfunção sexual da falta de desejo. E aí o que acontece? Quando a mulher sente que ela tem obrigação de fazer, é mais fácil, porque ela simplesmente permite a penetração; quando o homem não tem desejo, ele não consegue ter uma ereção, por mais que ela o pressione, por mais que ela force, nada vai acontecer. Havendo essa dificuldade, não há sexo. Simplesmente porque não tendo ereção, a coisa não acontece. No caso da mulher, ela se sente um pouco mais usada nesse sentido, porque se sente forçada a fazer uma coisa que ela não quer. Quanto ao homem, a própria natureza já tira dele esse tipo de sensação; ele vai ter outras; vai ter frustração, vai se sentir menos homem, vai ter medo da traição, mas essa coisa de se sentir usado, esse sentimento ele não vai ter.
Rede Jovem News – Quais são os principais problemas que os casais enfrentam e que uma terapeuta sexual pode ajudar a resolver?
Glícia Neves – Vou falar sobre mim. Eu tenho uma metodologia própria, tenho as minhas crenças, tenho as coisas nas quais eu acredito, e tudo isso eu levo para o meu consultório, para os meus métodos. Eu trabalho hoje com a terapia sexual e a terapia de casal, que tem um foco na afetividade. Não importa o problema que o casal tenha, a gente tem condição de ajudá-lo, desde um problema espiritual a um problema físico, porque eu acredito que nós somos um ser completo, que fazemos sexo, certo? Mas para ser um pouco mais específica, explicando de uma maneira mais simples, para que você possa entender. Como interferência na vida sexual de um casal, há problemas de falta de desejo, falta de comunicação, problemas na criação dos filhos, problemas de dependência emocional em relação aos pais que vem para o relacionamento, problemas financeiros, problemas no relacionamento e até conflitos em relação à política (um é fanático de esquerda e outro de direita). Hoje, muitos casais trabalham juntos numa empresa ou escritório familiar e, às vezes, os sócios-cônjuges levam os problemas do negócio para dentro de casa; então, tudo isso atrapalha a vida sexual de qualquer casal; não é só especificamente para sexo em si. Em 17 anos de atendimento, é difícil alguém que chegue lá e fale assim “eu tenho problema sexual”, e que seja realmente só sexual. Normalmente, tem vários outros problemas que a gente precisa corrigir, para depois entrar na parte sexual; porque nunca é só sexo; antes, a gente precisa investigar para depois poder resolver os problemas “periféricos”, para então tratar a patologia sexual, que são os transtornos sexuais, caracterizados por alterações psicofisiológicas nas diferentes fases da resposta sexual, o que pode causar sofrimento acentuado, problemas de autoestima e dificuldades nos relacionamentos amorosos. As etapas da resposta sexual humana consistem no desejo, na excitação, no orgasmo e na resolução.
Rede Jovem News – Na sua clínica, como profissional, existe uma metodologia, um curso, aulas avulsas, treinamento… Qual é a grade ou menu de serviços que a sua clínica oferece?
Glícia Neves – Existe mentoria, desenvolvimento sexual efetivo, terapia, investigação de crença, teste hormonal, existe tudo o que a pessoa precisa para se desenvolver, no sentido pessoal e sexual, e a nossa clínica desenvolveu uma metodologia própria, que foi como eu falei… No início, eu fui empurrada pela vida para essa situação, para fazer o que eu faço hoje, porque a construção da minha sexualidade foi diferente do que eu ouvia e ainda ouço das pessoas. Então, eu descobri, depois de adulta, que o que eu vivenciei era um método, e é o que eu aplico hoje com os meus pacientes, o método EMEEC. O que é isso? É um método que entende você como um ser humano completo, em que a gente trabalha o corpo, a energia, as emoções, a mente e o lado espiritual; não fica nada de fora desse indivíduo, constituindo-se num processo completo, com excelentes resultados, e esse resultado vem num tempo incomparavelmente menor do que os métodos tradicionais, porque normalmente um método tradicional vai ficar só no corpo, vai trabalhar só a mente, vai trabalhar só as emoções, ele não agrega, ele não junta tudo isso, enquanto o nosso método é tudo junto, tudo misturado, e o resultado vem. É um processo de acompanhamento diário, tem a metodologia, tem os embates; as pessoas precisam fazer algumas questões, para que haja mudança, e a mudança vem. Quando há dedicação do paciente, a mudança é inevitável, e é uma mudança que não vai ser só momentânea, como, por exemplo, comprou um produto e sentiu ali uma coisa diferente; não, é uma mudança permanente porque ele vai mudar em todos os aspectos do ser.
Rede Jovem News – Fale sobre o tempo de duração necessário para que a pessoa esteja pronta para ser feliz e realizada com sua vida sexual, se esse tratamento é destinado a casais e pessoas solteiras, o que a pessoa precisa de equipamentos para melhorar o seu desempenho com a pessoa amada e os custos, o investimento que o paciente precisa disponibilizar para fazer esse tratamento e acompanhamento?
Glícia Neves – Como eu tenho uma metodologia validada, já é razoavelmente rápido. Eu acho que em três meses é possível vivenciar a sexualidade, o prazer sexual e a intimidade de uma outra forma, porque é um processo; então, a cada mês, a gente vai trabalhar um aspecto dessa pessoa.
Dentro do meu método, utilizando os processos do meu protocolo, em três meses a pessoa tem o resultado que ela quer. O que às vezes diferencia esse tempo de duração é a resistência da pessoa, em relação às crenças ou a fazer o que a gente está propondo para ela, porque o meu processo não é um processo passional, não é só de você ouvir, mas de ação, porque a gente precisa de mudança, e mudança requer atitude. Se a pessoa fizer exatamente o que vai ser orientado dentro desse processo, e usar todos os protocolos, ela terá o resultado para vivenciar a vida afetiva e sexual com qualidade.
O tratamento é destinado a pessoas solteiras e a casais, tanto a questão da sexualidade, do desenvolvimento sexual quanto do desenvolvimento afetivo. No desenvolvimento sexual, a pessoa tem medo, ela já sabe que tem ejaculação precoce, a mulher já sabe que não chega ao orgasmo, que não tem desejo, independente se ela tem um parceiro ou não ela pode buscar um tratamento, e o homem é a mesma coisa. Dentro do relacionamento, às vezes acontece de os dois terem problemas sexuais; por exemplo, o homem tem ejaculação precoce e a mulher tem falta de desejo. Então, os dois têm problemas sexuais, os dois podem fazer o tratamento. No caso em que só um dos cônjuges apresente um quadro de problema sexual e o outro não, apenas essa pessoa precisa fazer o tratamento. Veja que o tratamento não é engessado, é dinâmico, e aí a gente vai analisar qual o melhor meio para aquele indivíduo, para que ele possa ter sucesso no processo que ele veio buscar.
A pessoa não precisa de equipamento nenhum, não precisa investir em nada fora do corpo dela, nada fora dela, porque a minha metodologia vai iniciar pela mente, e a mente não é algo que você vai comprar. Depois vêm as emoções, a energia e o corpo; então, você não precisa de nada fora de você para poder fazer o processo; simplesmente mergulhar de cabeça e deixar que aquele processo transforme você, para que você viva realmente mais feliz.
Quanto ao investimento, mulheres principalmente, elas investem em maquiagem, em cabelo, em progressiva… qualquer procedimento estético hoje realmente é salgado; mas, em processo de desenvolvimento, as pessoas têm muita dificuldade de investir, porque elas ainda acham que é um custo supérfluo. E aí eu pergunto: quanto vale a sua felicidade? Se vale alguma coisa, você investe; se ela não tá valendo nada, ok, fica do jeito que está. Mas, em relação a valor financeiro, o custo inicial de um processo de um mês em nosso consultório gira em torno de metade de um salário mínimo; então, é extremamente barato para quem realmente quer resolver os problemas sexuais e afetivos, em caráter definitivo.
Foto: Flávio Clark