Alvo de novas acusações, Trump não desiste nem se for condenado

Ex-presidente vai responder também por conspiração para apagar imagens de videovigilância no caso dos documentos secretos.

Oex-presidente dos EUA Donald Trump reiterou que não desistirá da sua candidatura à Casa Branca, mesmo se for condenado. As declarações a uma rádio conservadora surgiram depois de os procuradores terem acrescentado novas acusações no caso dos documentos secretos apreendidos na sua casa em Mar-a-Lago. Em causa está conspiração para apagar as imagens de videovigilância do local, já depois de as autoridades terem pedido acesso a esses vídeos.

“Nem pensar”, disse Trump quando lhe perguntaram se iria parar a campanha se fosse condenado, acrescentando que não há nada na Constituição dos EUA que obrigue nesse sentido. “E até os loucos da Esquerda radical estão a dizer nem pensar, que isso não me iria parar. E não me iria parar. Estas pessoas são doentes, o que estão a fazer é absolutamente horrível”, referiu o ex-presidente de 77 anos. “Nunca ninguém passou por isto. Isto é louco”, indicou, acusando os antecessores Barack Obama ou George W. Bush de terem também “tirado documentos”.

Trump foi acusado no mês passado de 37 crimes, incluindo 31 ao abrigo da Lei de Espionagem pela “retenção voluntária” de documentos secretos e pôr em risco a segurança nacional ao guardá-los num local não seguro – tinha documentos até numa casa de banho. Mas os procuradores atualizaram as acusações na quinta-feira à noite, acrescentando mais crimes e mais um acusado, o gerente de Mar-a-Lago, Carlos de Oliveira.

Os procuradores acusam Trump de ter dado ordens aos funcionários para que apagassem as imagens de videovigilância da sua propriedade para obstruir as investigações. A ordem surgiu já depois de uma visita das autoridades para recuperar parte dos documentos secretos, em junho de 2022. Segundo a nova acusação, Oliveira disse a um outro funcionário que a conversa entre ambos tinha que ficar em segredo e que “o patrão” queria os servidores apagados.

O ex-presidente negou as novas acusações, com um porta-voz a dizer que são “uma tentativa desesperada e contínua” da Administração de Joe Biden de “assediar Trump e aqueles à sua volta” e influenciar as eleições presidenciais de 2024. A juíza sorteada para este caso, que curiosamente tinha sido nomeada por Trump, marcou o julgamento para maio do próximo ano, ainda em plenas primárias. A defesa tinha pedido que não começasse antes das presidenciais, enquanto a acusação queria que tivesse início já em dezembro.

Mas este não é o único problema do candidato às primárias republicanas com a Justiça. No mesmo dia em que foram conhecidas as novas acusações, os seus advogados estiveram reunidos com a equipa que investiga a invasão do Capitólio, a 6 de janeiro. “Os meus advogados tiveram uma reunião produtiva com o Departamento de Justiça esta manhã, explicando em detalhe que não fiz nada de errado, fui aconselhado por muitos advogados e qualquer acusação contra mim só iria destruir mais o nosso país”, escreveu nas redes sociais.

O ex-presidente já tinha revelado ter recebido uma carta que era um prenúncio de que deverá ser também acusado neste caso. Nela o procurador especial Jack Smith citava três possíveis crimes: conspiração para defraudar os EUA, obstrução de uma investigação e privação de direitos. Em causa podem estar os esquemas para pressionar vários estados a mudar a votação para que Trump fosse declarado o vencedor.

susana.f.salvador@dn.pt

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