O julgamento do ex-presidente dos EUA Donald Trump por alegadamente ter retido ilegalmente centenas de documentos confidenciais terá início em maio do próximo ano, determinou o tribunal.
Um tribunal federal da Florida agendou o início do julgamento para 20 de maio de 2024, num compromisso entre um pedido dos procuradores para marcar o julgamento para dezembro e uma proposta dos advogados de defesa para agendá-lo para depois da eleição presidencial de 2024, que Trump pretende disputar como candidato do Partido Republicano.
Se a data se mantiver, acontecerá logo após um outro julgamento de Trump, em Nova Iorque, em que o ex-Presidente enfrenta dezenas de acusações estaduais por falsificação de registos comerciais, num processo associado ao pagamento de um suborno a uma atriz pornográfica.
Esta data também significa que o julgamento não começará antes do início do calendário de nomeações para as eleições presidenciais, em que Trump procura voltar a ser o candidato Republicano à Casa Branca.
Os procuradores acusam o ex-presidente de ter retido ilegalmente documentos confidenciais, que terá levado para a sua residência em Mar-a-Lago, na Florida, quando deixou a Casa Branca, em janeiro de 2021.
Trump enfrenta ainda 31 casos de obstrução à justiça, por ter dificultado a recuperação dos documentos.
O ex-presidente estava obrigado a entregar esses documentos ao abrigo da lei, mas desde maio de 2021 que as autoridades estavam a exigi-lo sem resposta, obrigando o FBI a abrir uma investigação, em março de 2022.
Em maio do ano passado, um grande júri determinou que Trump deveria devolver os documentos ao Departamento de Justiça, mas o ex-presidente recusou os pedidos, alegando incialmente que não tinha os documentos.
Um mês depois, os advogados de Trump entregaram alguns documentos, mas o FBI foi obrigado a fazer uma busca na casa de Mar-a-Lago, em agosto passado, recuperando mais de uma centena de novos papéis confidenciais, espalhados e escondidos em várias partes da residência, numa iniciativa inédita numa casa de um ex-presidente.
Trump alega que se trata de uma estratégia de o Departamento de Justiça politizar este processo, numa “caça às bruxas” destinada a prejudicar a sua tentativa de reeleição presidencial.
Trump ainda pode enfrentar outros julgamentos no próximo ano.
Esta semana, Trump revelou que recebeu uma carta informando-o de que era alvo de uma investigação separada do Departamento de Justiça sobre os esforços para alterar os resultados das eleições presidenciais de 2020.
Na quarta-feira, um juiz federal de Manhattan recusou a pretensão de Donald Trump de um novo julgamento ou uma revisão da indemnização por danos no caso do abuso sexual da jornalista e escritora E. Jean Carroll.
Este caso terminou com a condenação de Trump a pagar uma indemnização de cinco milhões de dólares a Carroll.
O juiz Lewis Kaplan recusou a moção do ex-presidente, que esteve na Casa Banca entre 2017 e 2021, argumentando que “o júri neste caso não chegou a ‘um resultado gravemente errado'” e que se decidiu dessa forma porque havia provas abundantes.
Em 2022, Carroll acusou Trump de a ter violado em um provador de um grande armazém, em 1996, processo que foi resolvido e 09 de maio, quando o júri o considerou ‘responsável’ (culpado, segundo o vocabulário nos casos civis) de abuso sexual e difamação.
Este ano, o atual candidato à nomeação republicana tinha pedido um novo julgamento, alegando que a indemnização por danos e prejuízos era excessiva, uma vez que o júri não tinha chegado a declará-lo responsável pela violação.
Carroll tem outro caso aberto, por considerar que Trump a difamou em 2019, o que prejudicou a sua reputação.
fonte: dn.pt