O presidente francês, Emmanuel Macron, tinha pedido cem dias de apaziguamento para relançar o seu mandato e estabelecer um caminho claro para o futuro, após a contestação desencadeada pela reforma das pensões. O prazo terminou na semana passada, no Dia Nacional, e desde então que se esperava uma remodelação governamental, que finalmente chegou esta quinta-feira. Mas ficou aquém do esperado, com a continuação do cargo de todos os pesos pesados, já depois de ser anunciado, logo no início da semana, que a primeira-ministra Élisabeth Borne não ia sair.
“Para garantir a estabilidade e o trabalho de base, o presidente decidiu manter a primeira-ministra”, anunciaram fontes próximas do chefe de Estado francês na segunda-feira indicando que haveria mudanças até ao final de semana. Segundo os media franceses, Macron defendia uma remodelação menor, ao contrário de Borne que queria mais alterações.
No final, as mudanças surgem nas pastas da Educação, Saúde, Solidariedade e Territórios Ultramarinos e servem, disse o cientista político Bruno Cautres à AFP, para Macron “se livrar de ministros com baixo desempenho ou que não queriam sair”. Em resumo: esta remodelação “não envia uma mensagem política forte”. Resta saber se as mudanças – oito saídas, oito entradas e três mudanças de pasta – serão suficientes.
Na Educação, sai o académico Pap Ndiaye (o primeiro ministro negro nesta pasta) e entra o ex-porta-voz do governo Gabriel Attal (que aos 34 anos será o mais jovem a ter este cargo). Na Saúde, o antigo sindicalista e presidente dos serviços de urgência franceses François Braun dá lugar a Aurélien Rousseau, antigo diretor-geral da Saúde na região parisiense durante a covid-19 e até agora chefe de gabinete de Borne. As outras duas alterações, a nível de ministros, prendem-se com a entrada de Aurore Bergé, até agora presidente do grupo parlamentar do Renascimento de Macron e uma das suas principais defensoras, para a Solidariedade. E o deputado Philippe Vigier para os Territórios Ultramarinos.
Marlene Schiappa, secretária de Estado da Economia Social e a Vida Associativa, deixa o governo, após um escândalo a envolver um fundo de apoio a associações que lutam contra o discurso de ódio numa anterior legislatura (quando tinha a pasta da Cidadania) e depois de ter posado para a Playboy no meio dos protestos contra a reforma das pensões.
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