Na história da humanidade, o cabelo sempre foi um símbolo, uma referência e um tesouro valioso na cabeça mulher, concebido para uma grande parcela da população como um patrimônio. Inclusive, em algumas religiões e igrejas, as madeixas femininas são quase sagradas; cortar o cabelo consiste em pecado, em sacrilégio. Esse “acessório” natural que emoldura e embeleza o rosto da mulher transcende do físico para o sobrenatural da alma feminina, tornando-se um símbolo, um cartão postal e um rótulo da sua essência, do seu interior, porque o cabelo não é apenas um componente da imagem da mulher, mas também um instrumento, um condutor por onde trafegam diversos tipos de energia.
Para cuidar desse bem de valor inestimável, representado por finíssimos fios, há uma mega estrutura logística, uma parafernália de equipamentos, máquinas, produtos, fábricas, distribuidores, lojas, empresas e profissionais interligados, dia e noite, para dar conta de impulsionar essa “engenharia da beleza” localizada no topo da cabeça da mulher.
Dentre os principais profissionais que atuam no “mercado do cabelo feminino” estão cabeleireiro, visagista, hair stylist, personal hair stylist, tricologista, dermatologista e outros especialistas. Quando se fala em tecnólogos, que são formações mais completas, eles têm como objetivo desenvolver todas as capacidades técnicas necessárias para cuidar da beleza, saúde, qualidade e conservação dos cabelos de clientes, considerando sempre a diversidade e individualidade. Entre as técnicas de conhecimento envolvidas no processo de trabalho desses profissionais, estão a composição do cabelo, os tipos de cabelo, o ciclo biológico do cabelo, os cuidados com o cabelo, a lavagem, a hidratação, os vários tipos de cortes, os múltiplos penteados, a coloração e descoloração, dentre outras.
O cabelo como fonte de inspiração
O cabelo da mulher foi sempre uma fonte de inspiração para centenas de compositores e cantores brasileiros e estrangeiros, gerando lindas canções que foram imortalizadas nas músicas sertaneja e popular brasileira, no samba e nas marchinhas de carnaval. Alguns hits ficaram imortalizados na história musical brasileira, como Fio de Cabelo, que se tornou o maior sucesso da carreira da famosa dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó; O Teu Cabelo não Nega, marchinha de carnaval muito cantada durante décadas; Nega do Cabelo Duro, um grande sucesso nos anos 80, na voz do baiano Luiz Caldas; Índia (“Índia teus cabelos nos ombros caídos, negros como as noites que não têm luar”), regravada por dezenas de duplas sertanejas e intérpretes da MPB, como Paulo Sérgio, Agnaldo Timóteo, Ângela Maria, Nara Leão, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e outros. Além destas, célebres obras musicais que “louvam” os cabelos das mulheres fazem parte do cancioneiro do Brasil, como Boiadeiro de Palavra (Tião Carreiro & Pardinho), Cabelo Loiro (Tião Carreiro & Pardinho/Daniel), Cabelo de Samambaia (Gino e Geno), Cabelos Longos (Alceu Valença), Cabelo de Anjo (Lulu Santos) e simplesmente Cabelo, com Gal Costa.
O valor do cabelo da mulher
O cabelo é um bem, um produto, um acessório e um patrimônio valioso, que movimenta trilhões de reais no Brasil e emprega milhões de profissionais. Não é por acaso que o setor de beleza e estética – com destaque para o universo hair – vive em ascensão no Brasil. Entre 2020 e 2022, foram abertos mais de 343 mil salões em todo o país, o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo – o Brasil está atrás somente dos Estados Unidos, da China e do Japão.
O cabelo sob a ótica profissional
Isadora Camilo (foto), 37 anos, empresária, tocantinense, dona de um dos melhores e mais conceituados centro de beleza de Palmas, TO, começou sua carreira como cabeleireira aos 15 anos de idade. Para ela, “Todas as mulheres se preocupam com os cabelos; afinal, eles são considerados o ‘cartão de visita’ de uma pessoa e geralmente é a primeira coisa a ser vista quando olhamos para o rosto de alguém. Principalmente para as mulheres, o valor dos cabelos é indiscutível e reflete diretamente em sua autoestima, em seu humor e até mesmo em sua autoconfiança. O cabelo de uma mulher é um bem que ela tem”, sintetiza. A profissional coloca, também, que não se deve usar, de forma nenhuma, um produto para cabelo de prateleira de supermercado, porque ele é altamente prejudicial ao cabelo.
Andy Gilibert, 37, paraense, 18 anos como cabeleireiro, há cinco anos trabalhando em Palmas, num dos melhores e mais tradicionais salões de beleza desta capital, destaca alguns pontos importantes sobre cuidados, procedimentos, saúde capilar e dos fios, tratamentos e conservação dos cabelos. “Mulheres que têm cabelos loiros precisam ir pelo menos uma vez por semana ao salão para fazer a manutenção; afinal, o cabelo é o seu principal equipamento”, recomenda. Gilibert também enfatiza que xampu, máscara e condicionador, de boa qualidade, não podem faltar no dia a dia do cabelo da mulher.
A magia e o encanto do cabelo feminino
Não importa o tipo de cabelo, a cor, o tamanho, o penteado ou o corte. Ele é o cartão de visita que emoldura o rosto de qualquer mulher, de qualquer idade, com qualquer tipo de rosto ou cor de pele. A magia e o encanto que existem no cabelo feminino são indescritíveis. Só os poetas e grandes intérpretes da música brasileira e internacional são capazes de descrever em canções, harmonia, melodias e poesias o segredo desses fios tão finos, mas de tanto valor comercial, emocional e estético. Não é exagero resumir que, em se tratando de visual feminino, a beleza gira em torno dos cabelos das mulheres.
Fotos: Andy Gilibert/Flávio Clark
