Bombas de fragmentação são teste à unidade dos aliados na véspera da reunião de cúpula da OTAN

Decisão dos Estados Unidos foi rejeitada por vários países. O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, que se reúne nesta segunda-feira com Joe Biden, mostrou-se contra.

De visita ao Reino Unido na véspera da reunião de cúpula da OTAN na Lituânia, Joe Biden e o seu anfitrião Rishi Sunak têm como objetivo dar mostras do apoio inquebrantável à Ucrânia e à unidade na aliança atlântica, mas a recente decisão do presidente norte-americano em autorizar a transferência de bombas de fragmentação para Kiev minou o terreno aliado.

O mais recente apelo veio do Camboja. O primeiro-ministro daquele país asiático, Hun Sen, disse para os EUA e a Ucrânia terem em conta a experiência traumática do Camboja e reconsiderem a decisão de utilizarem bombas de fragmentação na guerra. “Será o maior perigo para os ucranianos durante décadas ou centenas de anos se forem utilizadas bombas de fragmentação no território ucraniano ocupado pela Rússia”, escreveu o governante.

Por sua vez, o presidente alemão reiterou a posição do seu país contra a utilização de munições de fragmentação – “é mais justificada do que nunca” – , todavia reconheceu a impossibilidade de “bloquear os Estados Unidos”. Se a Ucrânia deixar de ter os meios para se defender ou se os apoiantes do país em guerra recuarem, “será o fim da Ucrânia”, reconheceu Frank-Walter Steinmeier que, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, assinou a convenção de Oslo com vista à proibição daquelas armas.

O Pentágono afirmou que as munições que iria enviar para a Ucrânia tinham uma taxa máxima de não explosão de 2,35%, valor mais baixo do que é comum nestas armas. Mas segundo o New York Times, as próprias declarações do Pentágono indicam que as munições de fragmentação em questão contêm granadas mais antigas, conhecidas por terem uma taxa de falha de 14% ou mais.

Na véspera da viagem para a Europa, o presidente norte-americano concedeu uma entrevista à CNN. Além de ter dito, como já fora revelado pelo canal noticioso, que foi uma “decisão difícil”, mas justificada porque “esta é uma guerra baseada em munições e eles estão ficando sem munições”, Biden mostrou-se nada impressionado com os chamamentos para a adesão o quanto antes quando as condições o permitirem, como 23 países aliados, Portugal incluído, defendem, ou a posição minoritária que defende a entrada já, como defende a ex-presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite.

Sobre esta última hipótese disse que isso representaria a OTAN em guerra com a Rússia. E quanto a um cenário mais tardio, lembrou que há requisitos. “Penso que é prematuro dizer que se deve proceder a uma avaliação porque há outras condições que têm de ser cumpridas, incluindo a democratização e algumas dessas questões”, disse Biden, pelo que acabou com quaisquer expectativas de uma surpresa: “Não creio que a Ucrânia esteja preparada para entrar na OTAN”, sentenciou.

Outro tema candente na reunião de cúpula da OTAN, que se realizará em Vilnius a partir de amanhã, é a luz verde à Suécia por parte dos países liderados por Erdogan e Orbán. Durante a viagem para Londres, Biden falou ao telefone com o presidente turco, “tendo transmitido o seu desejo de acolher a Suécia na OTAN assim que possível”, disse a Casa Branca.

Já Ancara disse que Erdogan lamentou que os militantes do PKK continuem a manifestar-se nas ruas suecas. Na entrevista à CNN, Biden mostrou confiança de que a posição dos turcos poderá ser desbloqueada se estes receberem em troca a modernização da frota dos caças F-16 (como plano de recurso, uma vez que foram expulsos do programa dos F-35 quando compraram material russo de defesa aérea).

“O que estou tentando, francamente, é reunir um pequeno consórcio aqui, onde estamos a fortalecer a OTAN em termos de capacidade militar tanto da Grécia como da Turquia, e permitir que a Suécia entre. Mas está em curso. Ainda não está concluído”.

Com informações dn.pt

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