Três quartos dos russos apoiam a intervenção militar na Ucrânia. A atualização de maio da sondagem do Centro Yuri Levada, considerado um agente estrangeiro pelo Kremlin mas que continua em atividade no país, conclui que a taxa de aprovação se mantém estável desde o início da guerra.
Apenas 18% dos russos diz estar contra a guerra. As manifestações antiguerra são uma raridade e o medo de perseguição política apenas explica uma parte do fenómeno.
Anna Matveeva, investigadora do King’s College, em Londres, explica que “”É tanto o medo como o sentimento de que é impossível mudar alguma coisa com os protestos, ou seja, que nos expomos a nós próprios e à nossa família a um enorme perigo, mas que, de qualquer forma, não conseguimos nada com isso.”
Apesar do apoio à intervenção militar, 45% da população admite que não acompanha os acontecimentos na Ucrânia.
Denis Volkov, diretor do Centro Levada, justifica o elevado desinteresse:
“Para a maioria, o mais importante é que haja uma oportunidade de viver uma vida normal. Podemos desligar-nos das más notícias, podemos fingir que nada se passa. Embora, secretamente, as pessoas saibam disso, monitorizem-no de uma forma ou de outra e se preocupem com ele. Esse é um dos mecanismos de adaptação ao que se está a passar – fecharmo-nos às notícias traumáticas, porque foi muito traumático e continua a sê-lo para muitas pessoas, mesmo para as que apoiam a intervenção”.
O desinteresse explica-se também pelo impacto da guerra no dia-a-dia da população, ou pela falta dele. Apesar das sanções, o Kremlin conseguiu manter a estabilidade económica e financeira no país e a maioria dos russos não é diretamente afetada pelo conflito.
Fonte: jn.pt