“Encontrar-me na situação em que me encontrei hoje, apesar de estar convencida de que não cometi qualquer delito, é um choque e muito angustiante”, afirmou Nicola Sturgeon num comunicado após ter sido detida.
“Obviamente, dada a natureza deste processo, não posso entrar em pormenores”, afirmou numa declaração nas redes sociais. “No entanto, gostaria de dizer o seguinte, e de o fazer nos termos mais fortes possíveis. A inocência não é apenas uma presunção a que tenho direito por lei. Sei, sem sombra de dúvida, que estou de facto inocente de qualquer irregularidade”, acrescentou.
O Partido Nacionalista Escocês (SNP) afirmou que tem estado a “cooperar plenamente com esta investigação e continuará a fazê-lo. No entanto, não é apropriado abordar publicamente quaisquer questões enquanto a investigação estiver em curso”.
A polícia escocesa declarou num comunicado que a mulher de 52 anos, detida de manhã, esteve sob custódia entre as 10.09 horas e as 17.24 horas locais (mesma hora em Portugal continental).
A polícia do Reino Unido não identifica os suspeitos até que sejam acusados.
A informação de que se tratava de Sturgeon foi feita pela BBC e outros meios de comunicação social britânicos.
As autoridades estão a tentar esclarecer o destino de 600 mil libras (700 mil euros) que o SNP angariou para financiar um novo referendo à independência, um caso pelo qual o marido de Sturgeon, Peter Murrell, também foi detido e libertado em abril.
Nicola Sturgeon chefiou o governo escocês e liderou o SNP entre 2014 e fevereiro de 2023, altura em que anunciou surpreendentemente a sua demissão de ambos os cargos, dando lugar a uma mudança no partido, cuja direção foi assumida por Humza Yousaf no final de março.
Semanas após a sua demissão, o marido Peter Murrell, diretor executivo do SNP durante quase 20 anos, e o antigo tesoureiro Colin Beattie, que se demitiu após a sua libertação, foram detidos.
O presidente do Partido Conservador na Escócia, Craig Hoy, apelou à suspensão de Sturgeon como deputada na sequência da sua detenção, um apelo a que também se juntou o deputado nacionalista do SNP em Westminster, Angus MacNeil.
Sturgeon foi libertada sem acusação após mais de sete horas de interrogatório, embora o caso, aberto desde 2021, permaneça “pendente de novas investigações”, segundo a polícia, que irá agora enviar um relatório ao Ministério Público.
Primeira mulher a liderar o governo da Escócia, Sturgeon conduziu o seu partido ao domínio da política escocesa e transformou o SNP numa força governamental dominante com posições sociais liberais.
Liderou o seu partido durante três eleições a nível do Reino Unido e duas eleições escocesas, e conduziu a Escócia durante a pandemia do novo coronavírus, ganhando elogios pelo seu estilo de comunicação claro e comedido.
Mas Sturgeon deixou o cargo no meio de divisões no SNP e com o seu principal objetivo – a independência do Reino Unido para a nação de 5,5 milhões de pessoas – por cumprir.
Nicola Ferguson Sturgeon é uma política escocesa, tendo servido como primeira-ministra do país de novembro de 2014 a março de 2023, sendo a primeira mulher a assumir esse cargo. Sturgeon também se elegera como representante do distrito sul de Glasgow no Parlamento da Escócia pelo Partido Nacional Escocês.
Fonte: jn.pt
Foto: Kirsty O’Connor/PA Images/Getty Images