Na hierarquia da alcalinidade e acidez dos relacionamentos, existe uma escala que classifica o grau de felicidade e infelicidade dos casais, marido e esposa, namorados, uniões estáveis. Isso varia e oscila bastante, podendo um relacionamento começar com muita intensidade e paixão, mas, depois de algum tempo, esfriar, causando distanciamento e migrando da alcalinidade para a acidez e, até mesmo, para a toxidade. O grau de companheirismo, a confiança, o afeto, a afinidade, a cumplicidade, a compatibilidade, os interesses comuns, a fidelidade, o amor e o compromisso de cada uma das partes são o ponto de partida e de chegada numa relação afetiva.
Uma verdade resumida num pensamento bastante conhecido diz: “A gente conhece as pessoas pela maneira com que elas saem da nossa vida, e não pela maneira com que entram”. Essa verdade mostra o que normalmente acontece nos começos e nos finais dos relacionamentos. Isso quer dizer que, quando uma pessoa entra na vida de outra, num relacionamento afetivo, ela esconde ao máximo os seus defeitos e reverbera todas as suas qualidades e bondades – até as que não tem. Quando a relação não dá certo e vem a separação, muitas coisas ruins, tristes e desnecessárias podem acontecer, desde pequenas discussões a agressões verbais, físicas e até coisas piores.
Classificação dos relacionamentos afetivos
Os relacionamentos afetivos são as relações baseadas nos sentimentos entre as pessoas, como acontece nos relacionamentos familiares, entre os casais e nas amizades. É a união de duas pessoas que, por diversas razões, querem seguir uma vida juntas. Nesse sentido, cada um traz uma história, experiências passadas, opiniões, costumes e sentimentos. Constroem-se os pilares da relação e esta tem sua posição numa escala entre muito satisfeito e terrivelmente insatisfeito:
- Muito feliz e satisfeito no relacionamento;
- Feliz e satisfeito, dentro da normalidade de uma vida a dois;
- Razoavelmente satisfeito, porém com algumas coisas que precisam ser melhoradas;
- Pouco satisfeito, pensando na possibilidade de romper a relação;
- Insatisfeito, planejando a separação; e
- Terrivelmente insatisfeito e infeliz, só aguardando o momento certo e a coragem para ir embora.
A relação, cujos pilares se encontrem abalados, é refletida em atitudes no dia a dia:
- dormir em camas separadas, enquanto organizam a papelada da separação, a partilha dos bens, o processo de divórcio, a guarda dos filhos – se houver – e o valor da pensão;
- morar na mesma casa, mas sem comunicação e, quando se comunicam, usam palavras ofensivas e muita agressividade;
- deixar de praticar a fidelidade, sem que nenhum dos dois dê satisfação do que está fazendo da sua vida, sem hora para sair, nem para chegar; e
- praticar agressões verbais, físicas e até violência doméstica, com sérios de riscos de necessitar de recorrer à Justiça em busca de medida protetiva para evitar ocorrência de uma tragédia.
Relacionamentos alcalinos
A alcalinidade de uma relação afetiva é medida por diversos fatores. Primeiro, é preciso haver o que se chama de “química”. Geralmente, define-se como química a atração sexual entre duas pessoas, a paixão ou o desejo de estar com o outro. É o elemento mais presente no início dos relacionamentos, quando ambos ainda estão se conhecendo, e geralmente leva à paixão. Além da “química”, também é preciso existir empatia, companheirismo, confiança, afeto, afinidade, cumplicidade, compatibilidade, interesses comuns, respeito, fidelidade, ajuda mútua, amor, compromisso e muitas outras coisas. Quando há tudo isso ou pelo menos grande parte disso num relacionamento, ele é classificado como alcalino.
Relacionamentos tóxicos
Os relacionamentos amorosos são um dos ambientes sociais em que mais ocorrem conflitos. E a evolução dessa relação conflitante poderá produzir um desgaste extremamente sério e perigoso para o casal e para toda a família, conduzindo a convivência para um nível de toxidade e corrosão. O relacionamento tóxico pode ser resumido pelo desejo de controlar o(a) parceiro(a), de tê-lo(a) apenas para si. Esse comportamento surge aos poucos, sutilmente, e vai passando dos limites, causando sofrimento e dor.
Também pode ter início em atitudes, gestos e palavras fortes, ciúmes descontrolados, desconfiança, falta de interesse sexual, uso de entorpecentes, alcoolismo, confronto ou incompatibilidade religiosa ou inúmeras incompatibilidades, como social, etária, sexual, moral e financeira. Os relacionamentos tóxicos levam a todo tipo de agressividade e se tornam doentios, colocando o casal numa condição irreversível de infelicidade; mesmo com tratamento psicológico e terapia de casais, a melhor e única solução é a separação
Foto: Flávio Clark