O tipo de estabelecimento conhecido hoje como “atacarejo” tem uma longa história, que começou em 1964. O conceito não é novo, por incrível que pareça. Ele surgiu na Alemanha, criado pelo Professor Otto Beisheim, em 1964. Nessa época, ele ajudou na criação da primeira loja Cash and Carry. A partir disso, o modelo foi mudando, ao longo dos anos, até chegar ao padrão que encontramos hoje. Mas a caminhada para chegar ao patamar da segunda década do século XXI foi dura, feita com estratégia comercial, pesquisas de mercado, estudos científicos dos perfis de consumidores, muita engenharia comercial e investimentos milionários.
Desde os primórdios da história, a humanidade estava habituada a comprar em vendinhas, armazéns, empórios, mercearias, frutarias, feiras livres, ambulantes e mascates, normalmente turcos e nordestinos. As roupas eram encomendadas junto a costureiras e alfaiates; os calçados eram feitos por sapateiros.
Em 1973, o cantor Raul Seixas fez sucesso com a música “Gita”, (vem do Bhagavad Gita, e significa Canção de Deus. O conceito é que não “existe distinção entre as funções que cada um desempenha na sociedade, nem importa o local onde se está agora. Deus pode ser acessado em qualquer lugar, mas sempre dentro de você mesmo”) na qual há uma referência aos pegue-pagues da vida – “Eu sou a dona de casa nos pegue-pagues do mundo!”. Se o popstar baiano, naquele tempo, já inseria em suas letras musicais o tema “pegue-pagues”, e dizia “pegue-pagues do mundo”, é porque a evolução do comércio de gêneros alimentícios, latarias, secos e molhados já ganhava um novo contexto, um contorno de modernidade e comodidade para as donas de casas. O cliente, com um carrinho de compras, poderia percorrer as lojas e, no sistema de autosserviço (self-service), servir-se, sem o incômodo de ter que esperar para ser atendido num balcão, com uma listinha de compras, onde o “vendeiro” ia pegando item por item.
O sucesso dos pegue-pagues revolucionou o sistema comercial, dando origem ao surgimento dos supermercados. O supermercado é uma criação do século XX, produto de um processo de evolução contínuo, iniciado com a rede A&P, que, em 1896, se tornou a precursora da mercearia e do conceito de rede varejista, baseado em padrões tradicionais. Mas o mercado estava apenas começando, com o aparecimento de grandes redes de varejo. Logo, surgiriam os hipermercados, os biomercados (grandes lojas de produtos naturais e orgânicos), os agromercados e as grandes lojas de materiais de construção no sistema self-service, que ficaram mais conhecidas como home center.
A caminhada prosseguiu e os atacarejos, cujo embrião teria sido gestado e concebido no início dos anos 60, partiram para a dominação do mercado, abrindo lojas gigantescas e grandes redes de lojas, onde é possível comprar tudo. Os atacarejos são estabelecimentos que trabalham com três perfis de clientes: o consumidor comum, que compra no varejo, pagando o preço da etiqueta; o consumidor VIP (Very Important Personal), de alto poder aquisitivo, que compra no atacado, pagando menor custo unitário, em função de comprar grandes quantidades; e o pequeno comerciante, que também compra no atacado para abastecer seus pequenos comércios, hotéis, restaurantes, padarias.
Em Palmas, os atacarejos começaram com estabelecimentos genuinamente tocantinenses, logo após a virada do século, mas logo começaram a chegar as grandes lojas, como Makro (que fechou a loja de Palmas), Açaí, Rede Big, Gigante e duas lojas da Rede Atacadão. Essas empresas fomentam a economia local e geram milhares de empregos, diretos e indiretos. Com quase 340 mil habitantes, e um ritmo acelerado de crescimento, Palmas tem espaço para, pelo menos, mais dez lojas.
Foto: Flávio Clark
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