Depois do português, gírias, portunhol, linguagem neutra e criação de palavras, agora a juventude mergulha no internetês

A linguagem dos teclados dos computadores e celulares reduz a distância entre a formalidade da língua portuguesa e praticidade da comunicação nas conversas no mundo cibernético do cotidiando de pessoas de todas as classes e idades.

A língua portuguesa é uma “deliciosa salada” de verbos e outros verbetes que enriquecem a nossa comunicação escrita e verbal, coloquial e erudita, formal e espontânea, do sertanejo ao catedrático. Talvez seja chique falar como o Professor Astromar Junqueira (personagem de Ricardo Martins, na novela Roque Santeiro, dos anos 80, exibida na TV Globo, dos roteiristas Dias Gomes e Aguinaldo Silva). Ele se destacou por usar um palavreado rebuscado, numa linguagem clássica e erudita, que todos admiravam, mas poucos compreendiam.

As várias fases da intercomunicação, através das palavras, na língua portuguesa no Brasil registram grandes momentos como o Classismo – constituição artística durante o período do Renascimento – surgido na Europa, entre os séculos XIV e XVI. A pesquisadora Amini Boainain Huay divide a origem da língua portuguesa em três fases principais: pré-histórica, proto-histórica e, efetivamente, histórica. Já Evanildo Bechara – Bechara (1991: 68-76) – a divide em quatro fases: arcaica (do século XIII ao final do século XIV), arcaica média (do século XV à primeira metade do século XVI), moderna (da segunda metade do século XVI ao final do século XVII) e hodierna (do século XVIII ao século XX).

No Brasil, no universo da popularidade, isto é, no cotidiano da comunicação entre as pessoas comuns, considerados todos os níveis de instrução, desde os mais rudimentares aos mais letrados, à língua portuguesa foram enxertadas influências, termos, eufemismos, gírias, estrangeirismos, palavras aportuguesadas, expressões indígenas, neologismos (palavras novas criadas ou palavras já existentes usadas com novos significados). Com isso, a língua portuguesa praticada no Brasil foi enriquecendo, robustecendo, ganhando “peso” e se tornando inchada, obesa. Não há dicionário capaz de registrar tantos termos, palavras e expressões contidas no dia a dia das pessoas. E, para “engravidar” mais a língua portuguesa, estão tentando introduzir a chamada linguagem neutra, também conhecida como não-binária.

Mas o mais curioso é que, querendo ou não, nas últimas décadas “chegou chegando” o idioma oficial da internet e das redes sociais, o internetês – sistema de linguagem taquigráfica, fonética e visual, que visa facilitar e acelerar a comunicação escrita. Esse sistema desenvolveu- se com o aparecimento das mensagens de texto (SMS/MMS) e tem evoluído com a tecnologia de comunicação. Desde crianças e adolescentes até adultos, independentemente do nível de instrução, usam a chamada “linguagem do computador e do celular”. A título de esclarecimento, só para citar algumas palavras, expressões e significados, segue uma pequena lista das abreviaturas mais usadas para representar termos da língua portuguesa:

  • Abraço: abs
  • Adicionar: add
  • Amigo: amg
  • Amor: amr
  • Babaca: bbq
  • Beijo: bj
  • Beijos: bjs
  • Beleza: blz
  • Carro: kr
  • Casa: ks
  • Certeza: ctz
  • Comigo: cmg
  • De nada: dnd
  • De novo: dnv
  • Delícia: dlç
  • Falso: fake
  • Formato de coração: s2
  • Gaitada: kkk
  • Gente: gnt
  • Igreja: igr
  • Imagem: img
  • Mentira: mntr
  • Mesmo: msm
  • Meu Deus do Céu: mds
  • Muito: mto
  • Nada: nd
  • Nada a ver: ndv
  • Nossa: nuss
  • Nunca: never
  • Obrigado: obg
  • Por favor: pfv
  • Quando: qnd
  • Quanto: qnt
  • Quero: qro
  • Riso: rs
  • Saudades: sdds
  • Também: tbm
  • Tchau: xau
  • Tudo bem; tudo correto: ok
  • Verdade: vdd
  • Você: vc
  • WhatsApp: zap
  • Emojis, Stickers e GIFs são novas maneiras de expressar emoções; na linguagem de símbolos, são desenhos, pequenos vídeos e fotos usados nos programas de mensagens instantâneas, especialmente no mensageiro WhatsApp.

Foto: Flávio Clark

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