França abre investigação por crimes de guerra após morte de jornalista na Ucrânia

A Procuradoria Nacional Antiterrorismo (PNAT) de França determinou hoje a abertura de uma investigação por crime de guerra, após a morte do jornalista Arman Soldin num ataque com um rocket Grad no leste da Ucrânia.

Esta investigação foi confiada ao departamento central de combate aos crimes contra a humanidade, genocídio e crimes de guerra (OCLCH) e terá como objetivo apurar as circunstâncias da morte do jornalista da agência de notícias France-Presse (AFP).

O OCLCH preparou uma equipa nas últimas horas para se deslocar ao local da tragédia, revelaram fontes ligadas ao processo citadas pela AFP.

Arman Soldin, jornalista francês que nasceu em Sarajevo, coordenador de vídeo da AFP na Ucrânia, foi morto esta terça-feira, aos 32 anos, num ataque com um ‘rocket’ Grad.

O ataque ocorreu cerca das 16:30, horário local (14:30 em Lisboa), nas proximidades de Chassiv Iar, uma cidade ucraniana perto de Bakhmut, principal palco de batalha entre as forças russas e ucranianas desde o ano passado.

Arman Soldin, de 32 anos, estava acompanhado por quatro colegas, que saíram ilesos, e por soldados ucranianos, quando foram atingidos por uma salva de ‘rockets’.

A PNAT tem jurisdição sobre crimes contra a humanidade e crimes de guerra.

Desde o final de fevereiro de 2022, este órgão abriu pelo menos sete investigações por possíveis crimes de guerra cometidos, principalmente em fevereiro e março do ano passado, contra franceses.

Entre estes, Pierre Zakrzewski, cinegrafista franco irlandês da Fox News morto em 14 de março em Horenka, a noroeste da capital ucraniana após o ataque ao veículo em que seguia e Frédéric Leclerc-Imhoff, jornalista do canal francês BFMTV, morto em 30 de março enquanto seguia uma missão humanitária no leste do país.

O procurador esteve entre 12 e 16 de setembro na região de Kiev, acompanhado por uma equipa da procuradoria antiterrorista, da OCLCH e do Instituto de Investigação Criminal da Gendarmaria Nacional.

Soldin é pelo menos o 11.º repórter, intérprete ou motorista de jornalistas morto na Ucrânia desde o início da invasão russa, segundo uma contagem das organizações não-governamentais (ONG) especializadas Repórteres sem Fronteiras e o Comité de Proteção de Jornalistas.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, lamentou na terça-feira a morte do jornalista na Ucrânia, tal como o Ministério da Defesa ucraniano.

Já o Kremlin lamentou hoje a morte do jornalista da AFP e pediu a clarificação das circunstâncias do incidente.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 441.º dia, 8.791 civis mortos e 14.815 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Fonte: jn.pt

 

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