“Estamos a preparar os rapazes. Estamos a aguardar ansiosamente a entrega das armas prometidas pelos nossos parceiros (…). A preparação está a avançar ao máximo”, declarou Volodymyr Zelensky, na sua mensagem de vídeo diária.
No entanto, a data da contraofensiva ucraniana permanece suspensa, ainda mais após as recentes fugas de informações classificadas nas redes sociais sobre os planos de Kiev e dos seus aliados ocidentais.
O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa (SNBO), Oleksiy Danílov, qualificou em entrevista à televisão ucraniana que, de qualquer forma, a contraofensiva não significaria a vitória final na disputa.
“Todos devem entender que não estamos a falar apenas de uma contraofensiva. Todos os nossos territórios devem ser libertados até que as fronteiras de 1991 sejam restauradas. Enquanto não o fizermos (…) não poderemos falar sobre o fim da guerra”, argumentou.
Por seu lado, o chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, considerou que a contraofensiva ucraniana “está cada vez mais atrasada” e sustentou que “se não começar rapidamente, o Exército ucraniano começará gradualmente a perder a sua capacidade de combate”.
“A guerra entrará num beco sem saída e os territórios atualmente controlados pela Rússia permanecerão sob seu poder por muitos anos”, anteviu o líder do grupo de mercenários russos.
Em Bakhmut, centro dos confrontos no leste da Ucrânia, prosseguem intensos combates, segundo ambas as partes.
O Ministério da Defesa da Rússia informou que “os grupos de assalto Wagner realizam ações de combate de alta intensidade para tomar bairros no oeste de Artiomovsk [nome russo para Bakhmut]”.
Estes esforços, segundo o comando russo, têm o apoio dos flancos das forças aerotransportadas que “frustram as tentativas do inimigo de transferir mantimentos e reservas para a cidade”.
O norte-americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) constatou que as imagens geolocalizadas confirmam que “as forças russas continuaram a fazer avanços territoriais em Bakhmut”, com “avanços para o oeste” por um lado e “avanços marginais no sul e sudoeste” por outro.
O porta-voz do Grupo Oriental das Forças Armadas da Ucrânia, Serhiy Cherevaty, sustentou que a situação nesta cidade “é dinâmica”; por isso, é difícil estabelecer com clareza a percentagem do território de Bakhmut sob controle russo.
“A verdade é esta: há combates ferozes, até confrontos de rua. O objetivo é esmagar e sangrar o inimigo”, disse Cherevaty, explicando que a resistência ucraniana procura dar a Kiev tempo para preparar o exército para a contraofensiva.
Enquanto isso, o último relatório dos serviços de informações militares do Reino Unido divulgado hoje alertou que a Rússia intensificou o seu cerco à cidade, uma vez que as forças regulares russas e o Grupo Wagner melhoraram a sua coordenação.
Os defensores ucranianos ainda controlam os quartéis ocidentais, mas estão sob forte fogo de artilharia russa, especialmente nas últimas horas, segundo as informações britânicas.
A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, explicou que as forças russas concentraram em Bakhmut “as suas unidades mais profissionais e usam uma quantidade significativa de artilharia e aviação”.
“Todos os dias, o inimigo realiza entre 40 e 50 ataques e mais de 500 bombardeios em Bakhmut”, afirmou, acrescentando que o exército russo “está simplesmente a arrasar a cidade”.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Fonte: jn.pt