Mulheres sem véu serão julgadas “sem piedade”, promete chefe da Justiça do Irã

A principal autoridade da Justiça iraniana, Gholamhossein Ejei, ameaçou julgar "sem piedade" as mulheres que decidirem aparecer em público sem véu.

O alerta de Ejei surge após uma declaração do Ministério do Interior, na quinta-feira passada, que reforçou a lei hijab obrigatória, com zero tolerância do governo para incumprimento das regras.

Segundo o chefe da Justiça, citado pelo jornal britânico “The Guardian”, todas as mulheres que não utilizarem o véu “serão punidas” e “julgadas sem piedade”, avisando que todos os policiais são “obrigados a denunciar crimes óbvios e qualquer tipo de anormalidade que vá contra a lei religiosa e ocorra em público”.

Esta tensão cada vez maior sobre a não utilização do véu entre as mulheres iranianas e o governo vem ganhando força desde a morte, sob custódia policial, de Mahsa Amini, de 22 anos, que foi detida por violar alegadamente a lei do hijab. Desde então, um número crescente de mulheres no Irã está abandonando as normas e aparecendo em shoppings, restaurantes, lojas e ruas de todo o país sem véu, resistindo à “Polícia da moralidade”.

A história e tradição da burca

A burca é uma peça de vestuário que cobre o corpo inteiro, incluindo a cabeça, o rosto e as mãos, usada por algumas mulheres muçulmanas em países como o Irã. Essa tradição histórica tem origem na interpretação conservadora do Islã, que considera que as mulheres devem se vestir de forma modesta e se proteger do olhar masculino.

No Irã, a burca é uma opção para as mulheres que desejam cumprir as normas de vestuário islâmicas, conhecidas como hijab. A lei iraniana exige que todas as mulheres usem o hijab em público, mas a forma como ele é usado pode variar. Algumas mulheres usam apenas um lenço que cobre o cabelo, enquanto outras usam uma peça de roupa única, conhecida como burca, para cobrir todo o corpo.

Os motivos que levam as mulheres a usarem a burca são diversos e podem incluir questões religiosas, culturais e até políticas. Algumas mulheres acreditam que é seu dever religioso usar a burca para se proteger da tentação sexual e manter sua castidade. Outras mulheres usam a burca como uma forma de identidade cultural e para se conectarem com suas raízes e tradições.

Além disso, a burca pode ser usada como um símbolo político de resistência. Durante a Revolução Iraniana de 1979, muitas mulheres usaram a burca como forma de protesto contra o regime autoritário e para afirmar sua identidade muçulmana. Desde então, a burca se tornou um símbolo de resistência para algumas mulheres iranianas.

No entanto, é importante destacar que nem todas as mulheres usam a burca de forma voluntária. Algumas são forçadas a usá-la por suas famílias ou por imposições sociais, o que representa uma violação dos direitos humanos e da liberdade individual.

Em resumo, a tradição histórica da burca no Irã tem suas raízes na interpretação conservadora do Islã e na cultura local. Embora muitas mulheres usem a burca por sua própria escolha, outras são forçadas a usá-la, o que representa um problema de respeito aos direitos humanos e à liberdade individual, fatos intoleráveis nos dias atuais.

Fonte: jn.pt
A história e tradição da Burca  – Arnaud Rodrigues, de Portugal
Foto: ABEDIN TAHERKENAREH/EPA

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