Decreto institui cotas raciais em 30% dos cargos de confiança

As cotas serão para os Cargos Comissionados Executivos (CCEs) e para as Funções Comissionadas Executivas (FCEs), ambos de livre nomeação, sendo as FCEs exclusivas para servidores concursados.

Como forma de ampliar a presença de pessoas negras em cargos de liderança, o governo federal vai implementar um programa que reserva até 30% de vagas em cargos e funções de confiança na estrutura do Poder Executivo, incluindo administração direta, autarquias e fundações.

O decreto que institui a medida foi assinado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nessa terça-feira, 21, em cerimônia no Palácio do Planalto, alusiva ao Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. “Apesar de ocupar o posto de segunda maior nação negra do planeta [depois da Nigéria], o Brasil ainda não acertou as contas com o passado de 350 anos de escravidão. Apesar de todos os esforços e avanços, este país ainda tem uma imensa dívida histórica a resgatar”, afirmou Lula, em discurso, após assinar o decreto.

O presidente lembrou que a Lei Áurea, que aboliu a escravidão formal no país, em 1888, tirou a população do confinamento das senzalas para o confinamento das piores estatísticas sociais até hoje. “Moradia, emprego, educação, saúde, segurança pública. Qualquer que seja o indicador, homens e, principalmente, mulheres negras são sempre os mais excluídos”, destacou.

As cotas serão para os Cargos Comissionados Executivos (CCEs) e para as Funções Comissionadas Executivas (FCEs), ambos de livre nomeação, sendo as FCEs exclusivas para servidores concursados. Segundo o governo, o decreto estabelece o prazo de até 31 de dezembro de 2026 para que a administração pública federal alcance os percentuais mínimos de reserva de vagas estipulados. “Daremos esse passo inédito que entrará para a história. Negros e negras na ponta e no topo da implementação de políticas públicas no governo federal, um novo horizonte para uma nova página desta gestão”, afirmou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em discurso emocionado, ao anunciar a medida.

Os ministérios da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e da Igualdade Racial (MIR) devem estabelecer metas intermediárias, para cada grupo, dos níveis de CCE e FCE, estipulados pelo decreto. As pastas também devem estabelecer metas específicas para cada órgão. A norma determina, ainda, a observação da paridade de gênero na ocupação desses cargos.

Grupos de trabalho

Na cerimônia, a Ministra Anielle Franco anunciou a criação de três grupos de trabalho interministerial. Um deles vai atuar na estruturação do novo programa Juventude Negra Viva, que envolve uma articulação de ações de diversos ministérios, para promover oportunidades para a juventude se desenvolver com segurança, saúde e educação. Outro grupo da pasta da Igualdade Racial, com apoio do Ministério da Cultura, vai desenvolver políticas de salvaguarda e promoção da memória e herança africanas do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro. O Mercado do Valongo foi o principal entreposto do comércio de africanos escravizados das Américas, durante o período colonial.

O terceiro grupo de trabalho vai propor medidas para o enfrentamento ao racismo religioso contra religiões de matriz africana no país.

Fonte: Agência Brasil

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