Donald Trump e adversário DeSantis unidos em travar ajuda a Ucrãnia

O ex-presidente norte-americano Donald Trump e o governador da Florida, ​​​​​​​Ron DeSantis, atualmente os principais rivais para a nomeação Republicana às presidenciais de 2024, convergiram no argumento de travar a ajuda financeira à Ucrânia, sob invasão russa.

Trump e DeSantis figuraram entre um grupo de potenciais candidatos presidenciais do Partido Republicano questionado sobre a guerra pelo apresentador da Fox News Tucker Carlson.

As respostas dos Republicanos revelaram divergências de opiniões e como a resposta dos Estados Unidos à invasão russa na Ucrânia está a tornar-se um teste decisivo nas primárias do partido.

Contudo, as respostas de Trump e DeSantis foram particularmente notáveis, tendo em conta a relevância de ambos dentro do partido, assim como as semelhanças das suas posições.

Ambos argumentaram que o envolvimento norte-americano apenas aproximou a Rússia de outros Estados adversários, como a China, e condenaram que os Estados Unidos tenham fornecido milhares de milhões de dólares em ajuda à Ucrânia.

“Não podemos dar prioridade à intervenção numa guerra estrangeira em escalada, em detrimento da defesa da nossa própria pátria”, disse DeSantis, que ainda não anunciou formalmente uma campanha para 2024, mas que conta com importantes apoios para tal dentro do partido.

“A Europa não está a ajudar-se. Eles estão a contar com os Estados Unidos para fazer isso por eles. Isso é muito injusto para nós”, argumentou Trump, pedindo aos países europeus que compartilhem de forma mais efetiva o fardo financeiro de defender a Ucrânia.

Enquanto os Estados Unidos avançaram com a maior parte da ajuda, vários países europeus fizeram contribuições substanciais, com alguns Estados a darem à Ucrânia muito mais do que os norte-americanos em termos de percentagem do seu produto interno bruto (PIB).

Outros potenciais candidatos, o ex-vice-presidente Mike Pence e a ex-embaixadora norte-americana junto das Nações Unidas Nikki Haley, refletindo sobre a visão do Partido Republicano sobre o conflito, enfatizaram a importância de uma vitória ucraniana sobre a Rússia.

Porém, advogaram que o Presidente russo, Vladimir Putin, não deverá travar a sua agressão à Ucrânia e alertaram que os países da OTAN estão em risco.

“Apoiamos aqueles que lutam contra os nossos inimigos, então não teremos que lutar nós mesmos contra eles”, avaliou Pence, que foi ‘número dois’ de Trump e considera agora uma candidatura para 2024.

Ecoando uma linha que usou desde o início da guerra, Pence adiantou: “Não há espaço para apologistas de Putin no Partido Republicano” — uma crítica velada a Trump, que chamou Putin de “inteligente”.

Na sua primeira articulação real de um plano para a Ucrânia, DeSantis repetiu um argumento russo, referindo-se à guerra como uma “disputa territorial entre a Ucrânia e a Rússia”. Contudo, as fronteiras da Ucrânia são reconhecidas internacionalmente, inclusive pelas Nações Unidas, e a Rússia já anunciou a anexação de territórios ucranianos.

“Embora os Estados Unidos tenham muitos interesses nacionais vitais — proteger as nossas fronteiras, enfrentar a crise de prontidão dentro das nossas forças armadas, alcançar a segurança e independência energética e contrariar o poder económico, cultural e militar do Partido Comunista Chinês — estar ainda mais enredado numa disputa territorial entre a Ucrânia e a Rússia não é um deles”, advogou DeSantis.

Citando um objetivo de paz, o governador disse que Washington não deve fornecer nenhuma assistência que leve ao envio de tropas norte-americanas ou que “permita à Ucrânia envolver-se em operações ofensivas além das suas fronteiras”.

“Os F-16 e mísseis de longo alcance devem, portanto, estar fora de questão”, defendeu DeSantis.

“Esses movimentos arriscariam atrair explicitamente os Estados Unidos para o conflito e aproximar-nos de uma guerra ‘quente’ entre as duas maiores potências nucleares do mundo. Esse risco é inaceitável”, acrescentou.

Até agora, o Governo de Joe Biden descartou o envio de caças F-16 e deixou claro à Ucrânia que as armas norte-americanas não devem ser usadas para atacar o território russo.

Trump, como já havia feito antes, observou que a invasão da Rússia não aconteceu durante o seu Governo, atribuindo o conflito a “uma nova falta de respeito pelos Estados Unidos”.

Enquanto Presidente, Trump menosprezou a Ucrânia e fez aberturas a Putin, incluindo o apoio público ao líder russo e às suas alegações de que não se intrometeu nas eleições presidenciais de 2016.

Trump disse que opor-se à guerra da Rússia na Ucrânia era de interesse estratégico nacional não para os Estados Unidos, mas para a Europa, que “deveria estar a pagar muito mais do que os Estados Unidos, ou igual”.

Numa visita surpresa a Washington pouco antes do último Natal, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse num discurso no Capitólio que a ajuda norte-americana ao seu país “não era caridade”, mas sim um investimento na segurança global e na democracia.

Nenhum dos entrevistados do Partido Republicano apoiou a ideia de mudança de regime na Rússia. DeSantis disse que derrubar Putin “faria aumentar muito os riscos do conflito” e argumentou que um sucessor “provavelmente seria ainda mais implacável”.

Pence advogou que a decisão sobre se Putin deve permanecer no poder cabe aos cidadãos russos e Trump sugeriu que a verdadeira mudança de regime deveria ocorrer mais perto de casa.

“Devemos apoiar a mudança de regime nos Estados Unidos, isso é muito mais importante. Foi o Governo de Biden que nos meteu nessa confusão”, indicou o magnata.

Fonte: jn.pt

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