As mulheres fazem história na representação parlamentar. Pela primeira vez, não existe um único parlamento no planeta que não tenha pelo menos uma mulher, de acordo com a União Interparlamentar (UIP).
No ano passado persistiu a tendência de redução do domínio masculino na representação política dos cidadãos pelo mundo fora. Já em 2020 também se atingiram números recorde nesta matéria.
As conclusões são do mais recente relatório da UIP, baseado nos dados de 47 países que realizaram eleições em 2022.
Nos Estados Unidos da América 263 mulheres afro-americanas candidataram-se às eleições intercalares do ano passado, mais do que em 2018. No entanto, o número de mulheres nomeadas para o Congresso diminuiu face ao pico registado em 2020.
Na Austrália o Senado foi a única câmara legislativa no mundo com mais de 50% dos assentos ocupados por mulheres (56,6%) em 2022.
Em França os eleitores estão gradualmente a consolidar a diversidade na câmara baixa do Parlamento, a Assembleia Nacional. No ano passado os franceses elegeram 32 candidatos (5,8%) de origem minoritária, um recorde para o país.
Na Colômbia a representação LGBTQ+ triplicou no Congresso desde 2018, subindo de dois para seis membros.
Nos 47 países que realizaram eleições em 2022 as mulheres ocuparam uma média de 25,8% dos assentos parlamentares disponíveis, mais 2,3% do que da última vez que decorreram eleições.
A UIP acredita que o estabelecimento de quotas que exigem um mínimo de candidatas femininas foi um factor decisivo no aumento da representação parlamentar feminina a nível global. Nos países com quotas (obrigatórias por lei e/ou voluntárias) 30,9% dos eleitos eram mulheres, contra 21,2% nos países que não tinham quaisquer quotas.
A representação das mulheres está a estagnar na Europa
Vários países registraram progressos significativos na representação política das mulheres. O mesmo não se pode dizer da Europa, onde a evolução estagnou.
Nos 15 países europeus que realizaram eleições parlamentares no ano passado, não houve grande mudança na representação das mulheres, que se manteve nos 31%.
Esta “paralisação” não é de agora. Desde 2017 que a percentagem anda entre 30 e 33%, apontam os dados do Instituto Europeu para a Igualdade de Género. De acordo com a agência, a expressão feminina nos parlamentos dos 27 Estados-membros da União Europeia era de, em média, 32,6% no final de 2022, abaixo dos 33% registados no início do ano.
Ao ritmo atual, pode levar 80 anos para o mundo chegar à paridade, prevê o Secretário-Geral da UIP, Martin Chungong. “Atualmente, um dos principais obstáculos é o clima de sexismo, assédio e violência contra as mulheres, a que estamos a assistir por todo o planeta”, disse às Nações Unidas. “É um fenómeno que não é exclusivo de nenhuma região em particular. E podemos calcular que isto está a ter impacto na participação das mulheres na vida política”, acredita Chungong.
Fonte:Euronews.pt