China condena críticas dos EUA sobre apoio à Russia

O símbolo do ano é o coelho, mas Qin Gang teve uma entrada de leão. Na primeira conferência de imprensa depois de ter tomado posse, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros responsabiliza os Estados Unidos pelo agravamento das relações bilaterais e considera que a censura às posições de Pequim sobre a guerra na Ucrânia é inaceitável.

Para o chefe da diplomacia chinesa, “a China não criou a crise”.

“Não é a parte da crise e não forneceu armas a nenhum dos lados do conflito. Por que razão apontam a culpa para a China, e ameaçam com sanções e pressões contra a China? Isto é absolutamente inaceitável,” declarou Qin Gang.

O ministro quis defender a amizade histórica entre a China e a Rússia e disse que os dois países podem ser “a força motriz” do mundo, se trabalharem juntos.

Sem pudor, acenou com um conflito entre Pequim e Washington, a quem acusa de querer limpar o gigante asiático do mapa.

“Se os EUA não travarem, mantendo a velocidade no caminho errado, nenhuma quantidade de guardrails pode impedir o descarrilamento, e certamente haverá conflitos e confrontos. Quem suportará as consequências catastróficas?,” ameaça.

Declarações à margem do Congresso do Partido Comunista chinês onde também Xi Jinping acertou a mira nos Estados Unidos. O presidente da China lamentou a “repressão” ocidental da China e apelando à inovação nas empresas privadas para tornar o país tecnologicamente menos dependente dos estrangeiros.

O mais novo chefe da diplomacia chinesa

Depois de ter estado por pouco tempo colocado como embaixador em Washington, Qin Gang foi nomeado no final de dezembro passado, aos 56 anos, como ministro dos Negócios Estrangeiros, subordinado ao alto funcionário de política externa do Partido Comunista, Wang Yi.

Nesta primeira conferência de imprensa, o ministro também atacou as acções dos EUA na região do Indo-Pacífico, onde Washington e os seus aliados ficaram alarmados com os movimentos da China para cortejar um certo número de nações insulares.

“A estratégia Indo-Pacífico dos EUA, embora supostamente destinada a defender a liberdade e a abertura, manter a segurança e promover a prosperidade na região é, de facto, uma tentativa de se unir para formar blocos exclusivos para provocar o confronto, traçando uma versão Ásia-Pacífico da NATO”, disse Qin.

Pequim também acusou o Ocidente de “atiçar as chamas”, fornecendo à Ucrânia armamento para defender-se da invasão russa. A China diz ter uma posição neutra na guerra que começou há um ano, mas também disse que tem uma “amizade sem limites” com a Rússia e recusou-se a criticar a invasão de Moscovo à Ucrânia, ou mesmo a referir-se a ela como uma invasão.

“Os esforços para as conversações de paz têm sido repetidamente minados. Parece haver uma mão invisível a empurrar para a protracção e escalada do conflito e a utilizar a crise da Ucrânia para servir uma certa agenda geopolítica”, disse Qin.

Fonte e foto: Euronews.pt e Getty Images

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