Rússia insiste que Kiev esconde armas ocidentais em centrais nucleares

Há 15 reatores nucleares na Ucrânia, inseridos em quatro centrais de produção elétrica. A maior é a da Zaporijia, atualmente ocupada pelas forças russas.

A Rússia reafirmou nesta quinta-feira acusações de que a Ucrânia esconde as armas e munições que recebe dos aliados ocidentais nas centrais nucleares do país, tendo informado a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

“Isto permite a Kiev, sob a cobertura das centrais nucleares, acumular ajuda militar e não a expor ao perigo de destruição”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Mikhail Galuzin, numa entrevista à agência oficial TASS, divulgada na véspera do primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.

Galuzin afirmou que Moscow informou a comunidade internacional e, em particular, a liderança da AIEA, à qual pediu que os inspetores da agência especializada da ONU acompanhassem de perto “o que está a ser feito nas centrais nucleares ucranianas e perto dos seus perímetros”.

A Ucrânia detém atualmente 15 reatores nucleares em quatro centrais de produção de energia elétrica, construídas quando o país integrava a União Soviética.

Uma dessas centrais, a de Zaporijia, com seis reatores, é a maior da Europa, estando ocupada por forças russas desde os primeiros dias da invasão.

As autoridades de Kiev negaram estas acusações de Moscovo sobre a utilização das centrais nucleares para armazenar as armas fornecidas pelos seus aliados ocidentais.

Galuzin disse à TASS que a situação nas instalações das centrais é atualmente controlada por representantes da AIEA, que ali estão numa base permanente por instruções do diretor-geral da agência da ONU, Rafael Grossi.

Nessa segunda-feira, Grossi denunciou que a rotação prevista dos três peritos da AIEA, presentes na central de Zaporijia desde o início de janeiro, foi adiada por mais de duas semanas, com a equipe de substituição já na Ucrânia.

“A situação de segurança e salvaguardas nucleares na Ucrânia – especialmente na central nuclear de Zaporijia – continua a ser perigosa e imprevisível”, disse Grossi, citado num comunicado divulgado pela AIEA.

Grossi tem participado de conversações em Kiev e Moscovo para a criação de uma zona de segurança em torno da central de Zaporijia, argumentando que a situação é volátil e imprevisível por se tratar de uma zona de combate ativo.

Mikhail Galuzin disse à TASS que a Rússia espera que os técnicos da AIEA desempenhem a sua missão “com toda a responsabilidade” e informem sobre o “quadro objetivo do que está a acontecer”.

Galuzin, um dos nove vice-ministros do ministério liderado por Serguei Lavrov, confirmou que estão em curso consultas com a AIEA sobre a criação de uma zona de segurança em Zaporijia, mas sem adiantar informações.

“Enquanto as negociações estão em curso, seria prematuro divulgar informações sobre o possível momento de chegar a um acordo e os seus parâmetros no espaço público”, justificou.

Admitiu que o diálogo sobre esta questão “não se desenvolve facilmente”, mas disse que o objetivo está definido.

Na perspectiva de Moscow, trata-se de “fazer tudo o que for necessário para evitar ataques ucranianos à estação e evitar uma emergência, especialmente uma catástrofe provocada pelo homem com consequências imprevisíveis”.

A AIEA já tem missões em todas as centrais nucleares da Ucrânia e também em Chernobyl, que, localizada no norte do país, foi palco do mais grave acidente nuclear de sempre, ocorrido em 1986, quando a Ucrânia integrava a União Soviética.

As centrais nucleares produziam mais da metade da eletricidade consumida na Ucrânia antes da guerra.

Fonte: Euronews.pt

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