Lideranças indígenas pedem proteção contra retaliações de garimpeiros

Ameaças ocorrem normalmente após desmobilização de garimpos ilegais

Atualmente, 18 líderes Munduruku estão sob ameaça de morte, segundo levantamento dos próprios indígenas. Localizada no alto curso do Rio Tapajós, no Pará, a Terra Indígena (TI) Munduruku tem 2,3 mil hectares e é um dos três solos indígenas que concentram 95% do garimpo ilegal no país, juntamente com os territórios Yanomami e Kayapó. A área equivale a 2 mil campos de futebol. Na região, a atividade intensificou-se a partir de 2016.

 

A recente desmobilização do garimpo em terras Yanomami, em Roraima, aumenta o receio dos Munduruku de que o problema se agrave ainda mais. Lideranças indígenas destacam que retaliações normalmente ocorrem após a retirada de garimpeiros.

 

Na semana passada, lideranças Yanomami do Amazonas denunciaram a entrada de garimpeiros na região do Pico da Neblina, procedentes de Roraima.

 

Entre as lideranças ameaçadas, que tiveram de deixar suas casas por pressão de criminosos, está Maria Leusa Munduruku, coordenadora da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn. Ela conta que tomou a decisão de se esconder para se manter em segurança. Disse, também, que, desde 2018, sofre ameaças e já soma dois períodos em que precisou deixar tudo para trás. No primeiro deles, foi embora com o marido e os filhos. Da última vez, deixou o território com cerca de 35 pessoas da sua família.

 

Combate ao garimpo

O Instituto Socioambiental (ISA) informou que, em maio de 2021, lideranças Munduruku acionaram organizações parceiras para denunciar o incêndio à pequena aldeia indígena Fazenda Tapajós. Os autores do crime foram garimpeiros, que reagiram logo após a Operação Mundurukânia, que combatia garimpos clandestinos na região.

 

A ação contou com agentes da Polícia Federal (PF), da Força Nacional, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional do Índio (Funai).

 

No que diz respeito à mineração ilegal, no fim de novembro de 2022, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou à PF e ao Ibama informações sobre medidas de combate à atividade, na área da TI Munduruku, que fica no sudoeste do Pará.

 

De acordo com levantamento do MapBiomas, somente na TI Munduruku, há 21 pistas de pouso, o que acende o alerta para a presença de garimpeiros no local. A maioria delas (80%) está a uma distância de cinco quilômetros ou menos de algum garimpo.

 

O MapBiomas é uma rede de iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, formada por ONGs, universidades e empresas de tecnologia, organizadas por biomas e temas transversais. (Com informações da Agência Brasil)

 

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