Dados da Unicef são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada nesta terça-feira, 14
Pelo menos 32 milhões de meninos e meninas no Brasil vivem na pobreza. O número representa 63% do total de crianças e adolescentes no país e abarca a pobreza em diversas dimensões. É o que indica a pesquisa As Múltiplas Dimensões da Pobreza na Infância e na Adolescência no Brasil, divulgada nesta terça-feira, 14, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O levantamento apresenta dados até 2022 e inclui trabalho infantil, moradia, saneamento, informação, renda, alimentação e educação. “Neste momento em que presidente, vice-presidente, ministros, governadores, senadores e deputados iniciam novos mandatos, o Unicef alerta para a urgência de priorizar políticas públicas com recursos suficientes voltadas a crianças e adolescentes no país”, ressalta o Unicef.
O relatório utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) e os resultados, conforme a própria entidade, revelam um cenário preocupante. O último ano, para o qual há informações disponíveis para todos os oito indicadores, é 2019 – quando havia 32 milhões de meninas e meninos, de até 17 anos de idade, privados de um ou mais dos direitos pesquisados. Para os anos seguintes, só há dados de renda, alimentação e educação – e os três pioraram.
A pesquisa destaca que a pobreza na infância e na adolescência vai além da renda e inclui aspectos como estar fora da escola, viver em moradias precárias, não ter acesso a água e saneamento, não ter uma alimentação adequada, realizar trabalho infantil e não ter acesso à informação. Estes e outros fatores são considerados privações e fazem com que meninos e meninas estejam inseridos nesse contexto de pobreza multidimensional.
Entre as principais privações que impactam a infância e a adolescência, segundo o Unicef, estão a falta de acesso a saneamento básico (alcançando 21,2 milhões de meninas e meninos), seguida pela privação de renda (20,6 milhões) e de acesso à informação (6,2 milhões). A elas se somam a falta de moradia adequada (4,6 milhões), a privação de educação (4,3 milhões), a falta de acesso à água (3,4 milhões) e o trabalho infantil (2,1 milhões).
Análise
Para a chefe de Políticas Sociais, Monitoramento e Avaliação e Cooperação Sul-Sul do Unicef no Brasil, Liliana Chopitea, a pobreza multidimensional é diferente do conceito de pobreza tradicional. “É o resultado da interação entre privações e exclusões a que crianças e adolescentes estão expostos”, explicou, durante coletiva de imprensa.
“Os dados mostram desafios estruturais e que as desigualdades regionais, raciais e de gênero persistem infelizmente no Brasil, apesar de todos os esforços feitos nas últimas décadas”, avaliou. “O cenário se tornou ainda mais desafiador durante e após a pandemia”, completou, ao citar a piora em indicadores como renda, alimentação e educação no período de 2020 a 2022. “É muito importante priorizar os investimentos em políticas sociais”, disse. (Com informações da Agência Brasil)