Meu pranto de hoje representa o pranto de um povo, cuja história o senhor ajudou a moldar
A partida do Padre Rui me faz sentir perder, também, grande parte da minha infância. Ao mesmo tempo, sinto renascerem fortes memórias da minha descoberta pessoal de um novo mundo, para o qual fui levado, aos quatro anos, em uma viagem de 14 dias, até a cidade de Colinas de Goiás, à época, ainda não emancipada.
Como era seu costume, ao fixar sua nova morada naquela região, o Sr. Siqueira Campos não demorou a arrumar um conselheiro religioso e espiritual, possibilitando entrar em nossas vidas o Padre Rui.
Lembro-me da manhã ensolarada do dia do meu batizado, juntamente com o dos meus irmãos, Júnior e Ulemá. Aquele homem de vestes, até então, estranhas para mim encantou-me pela sua candura. Sua dedicação aos ideais libertários do pioneiro, e logo vereador, José Wilson Siqueira Campos nos aproximava cada dia mais. Dona Aureny tinha nele o seu “confessionário” e toda a família desfrutava daquela presença, que viria a ser a de um dos maiores amigos e conselheiros do nosso pai.
Nunca consegui chamá-lo de monsenhor, mas aqui se faz necessário, tamanha a importância do que ele fez pela criação do Tocantins e pela formação de gerações de tocantinenses. Vá com Deus, Monsenhor Rui, amigo tão querido.
Agradecerei eternamente por tudo. Meu pranto de hoje representa o pranto de um povo, cuja história o senhor ajudou a moldar.
Eduardo Siqueira Campos
Fotos: Arquivo da Família Siqueira Campos