A Europa e as greves

Direitos de autor PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP
As greves têm um papel histórico enquanto direito social na Europa. Acontecem por todo o continente, geralmente para reivindicar melhores salários e condições laborais.

 

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Após vários dias de greve parcial, milhares de professores de Portugal protestaram em Lisboa, em 14 de janeiro, por melhores salários e condições de trabalho.

A França está a braços com uma das maiores vagas de contestação social. Desde a greve geral de 10 de janeiro, multiplicam-se as paralisações e manifestações, em resposta ao plano do governo, para reformar o sistema de pensões. Uma das medidas propostas é o aumento da idade da aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030. Os sindicatos, unidos pela primeira vez em mais de 15 anos, pediram a adesão dos franceses a uma nova greve geral, marcada para 31 de janeiro.

Portugal também tem sido palco de greves, especialmente na área da educação. Paralisações regionais que começaram no dia 16 de janeiro, em Lisboa, vão passar por todas as capitais de distrito e terminar no Porto em 8 de fevereiro. Os professores protestam contra a desvalorização profissional.

As greves têm um papel histórico enquanto direito social na Europa. Acontecem por todo o continente, geralmente para reivindicar melhores salários e condições laborais.

Os países europeus onde há mais greves

O número de dias de trabalho usado em greves oscila muito de ano para ano. Analisamos, em primeiro lugar, as tendências em períodos mais extensos.

De acordo com o Instituto Sindical Europeu, o top de países com mais greves não tem sido constante nos últimos 20 anos.

Entre 2000 e 2009, Espanha registrou a mais elevada média anual de dias de protesto – 153 por mil empregados. Seguiu-se a França, com uma média de 127. A Dinamarca (105 dias) ficou em terceiro lugar.

No fundo da tabela está Portugal, empatado com a Alemanha, com apenas 13 dias de paralisação a cada ano. Estados como os Países Baixos, a Suíça e a Polônia usaram menos de dez dias em greves.

De 2010 a 2019, Chipre tomou o primeiro lugar, tendo registrado uma média anual de 275 dias de greve por mil empregados. A França voltou a ocupar a segunda posição, com um número semelhante ao registrado no período anterior – 128 dias.

Em todos os outros países da Europa, para os quais havia dados disponíveis, a média anual foi inferior a 100 dias de paralisação. Mais de 15 Estados, inclusive Portugal (com 14 dias), tiveram menos de 20 dias de greve por ano.

Os dados recentes refletem a realidade dos anos 2020 e 2021. Neste período, a França (79 dias) registrou a maior média anual de dias de greve, seguindo-se a Bélgica (57 dias) e a Noruega (50 dias), muito longe de Portugal com uma média de 7 dias.

Duas décadas de greves em Portugal, na Espanha, na França e no Reino Unido

Portugal e Reino Unido estão praticamente na mesma página, no que toca à quantidade de dias de paralisação por ano, por mil empregados. Contudo, os números britânicos são, de um modo geral, um pouco superiores aos portugueses.

Foi em 2012 que Portugal teve mais dias de greve (32). No Reino Unido, a contestação teve mais adesão (79 dias) em 2020, o primeiro ano da pandemia da COVID-19.

França atingiu o pico em 2010, com 364 dias. Nos cinco anos anteriores, os franceses fizeram greve em mais de 100 dias por mil empregados. Espanha registrou números significativamente elevados no início do século – 295 dias em 2000, 365 em 2002 e 304 em 2004. Desde então, nunca mais o país ultrapassou uma centena de dias de paralisação.

Fonte: Euronews.pt

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